Bolor azul
Penicillium italicum
Entre as várias doenças pós-colheita de frutos cítricos, os bolores são as de maior importância econômica. Os bolores também podem ocorrer em pomares, afetando frutos em fase final de maturação. Contudo, eles causam maiores prejuízos quando ocorrem após a colheita, durante as operações de processamento, armazenamento e transporte. Frutos de todas as variedades e cultivares são suscetíveis. Três tipos de bolores existem, dos quais os mais comuns são bolor azul e bolor verde, sendo este último o mais frequente nas principais regiões produtoras nacionais.
Os bolores causam podridões moles em frutos, que se iniciam por pequenas anasarcas na superfície da casca e que, rapidamente, aumentam de tamanho até tomarem todo o fruto. O fungo desenvolve um micélio branco sobre o tecido afetado, que depois é revestido por uma densa massa de esporos, cuja cor varia em função do fungo envolvido. No bolor verde, o revestimento é de cor verde-oliva, enquanto que no bolor azul ele é azul no início, podendo depois adquirir a cor marrom-oliva. No bolor azul, a faixa branca ao redor da massa de esporos azul é estreita e a faixa de tecido encharcado ao seu redor é mais pronunciada. É comum encontrar frutos que apresentam mais de um tipo de bolor. Em condições de elevada umidade, as podridões moles provocam uma rápida e completa desintegração no fruto. Em ambiente seco, os frutos infectados murcham e mumificam. Eles sobrevivem, saprofiticamente, em pomares e outros ambientes, sobre vários tipos de substratos orgânicos, na forma de conídios. As infecções originam-se de conídios carregados pelo vento que atingem a superfície dos frutos, onde penetram geralmente por ferimentos, embora P. italicum seja capaz de também penetrar diretamente através da cutícula. Sobre as lesões, os fungos produzem enorme quantidade de conídios unicelulares, mais ou menos esféricos, catenulados. O ciclo da doença pode ser repetido muitas vezes durante o ano, contribuindo para um aumento exponencial de propágulos do fungo em pomares e em casas de processamento e armazenamento, caso medidas de controle não sejam adotadas. As três espécies de Penicillium desenvolvem-se melhor em temperaturas próximas a 24°C e muito lentamente em temperaturas acima de 30°C e abaixo de 10°C. Em temperaturas baixas (abaixo de 10°C), P. italicum desenvolve-se melhor que P. digitatum. O desenvolvimento de resistência aos benzimidazóis também é mais frequente em P. italicum do que em P. digitatum.