Cochonilha-do-carmim

Dactylopius opuntiae

Descrição: a cochonilha se agrupa à ordem Hemiptera, família Dactylopiidae, com dez espécies pertencentes ao gênero Dactylopius. A praga apresenta-se como pequenos tufos brancos imóveis, parasitando raquetes de palmas do gênero Opuntia. Os tufos são constituídos por uma secreção cerosa que contêm finos filamentos produzidos pelo inseto, protegendo-o de predadores. Todas as espécies do gênero Dactylopius produzem o pigmento vermelho “carmim cochonilha”, usado como corante na indústria alimentícia, farmacêutica e de cosméticos. Entretanto, Dactylopius coccus é a única espécie utilizada comercialmente para a obtenção do carmim, sendo conhecida como cochonilha “cultivada” ou “fina”. D. coccus era utilizada na produção do carmim pelos Astecas séculos antes da chegada dos espanhóis à América. Por seu colorido superior e duradouro o carmim em pouco tempo tornou-se importante fonte comercial para os conquistadores do Novo Mundo, sendo suplantado somente pela exploração de metais preciosos, notadamente o ouro e a prata. Segundo a literatura, atualmente D. coccus não sobrevive em condições de campo aberto e o seu “cultivo” tem sido realizado sob condições especiais de temperatura e luminosidade. As demais espécies formam um grupo de cochonilhas denominadas “silvestres” e produzem um carmim de qualidade inferior e em menor quantidade.

Controle do trânsito: a principal forma de disseminação da cochonilha é por meio de raquetes infestadas. O comércio de raquetes é prática comum. A forma típica de utilização é o corte das raquetes e seu transporte em lombo de burro, caminhonetes, carroças, carrinhosde-mão ou tratores, até o local de alimentação aos animais. Já foi observada a presença do inseto no pêlo dos animais. Sendo assim, o controle do trânsito da palma e dos animais desde locais infestados torna-se uma ferramenta importante para o controle da praga. Após a publicação da IN 23/07 o trânsito interestadual de palma ficou restrito. Apenas propriedades certificadas podem comercializar raquetes e mudas para fora do Estado. O documento que comprova a ausência da praga é o Certificado Fitossanitário de Origem (CFO) emitido por um Responsável Técnico. O trânsito interno de raquetes é responsabilidade do órgão de defesa agropecuária de cada Estado.

Inimigos naturais: as cochonilhas têm nas joaninhas predadores vorazes. Entretanto, o ambiente do sertão parece ser inóspito ao estabelecimento de populações de inimigos naturais suficientes para exercerem o controle biológico da cochonilha-do-carmim. São necessárias mais pesquisas para identificação de espécies adaptadas às condições locais, para criação massal e distribuição.

Variedades resistentes: devido à especificidade das cochonilhas e, em particular, o fato de que D. opuntiae só ataca cactáceas do gênero Opuntia, é interessante a introdução de Nopalea cochenillifera (palma miúda ou doce) e de variedades do gênero Opuntia resistentes à praga nas áreas onde a cochonilha se mostre mais agressiva.

Controle químico: o controle químico da praga é dificultado pelo baixo nível tecnológico dos produtores e pela ausência de agrotóxicos registrados para a cultura, mas talvez o maior entrave seja mesmo a falta d’água para diluição dos produtos. Instituições de pesquisa têm avaliado os bons efeitos da aplicação de sabão em pó, água sanitária e outras alternativas.

Táticas de manejo cultural: podas e catação de raquetes caídas e o controle mecânico nos focos iniciais podem e devem ser conjugadas.