Cochonilha vírgula

Lepidosaphes beckii

A cochonilha vírgula apesar de ser uma espécie sedentária, uma vez que só tem capacidade de deslocação em dois pequenos períodos da sua vida: após a saída do 1º instar e em macho adulto, encontra-se difundida por todo o país.
Esta espécie da família Diaspididae apresenta ovos com coloração brancos brilhantes e com forma elipsóide. A ninfa móvel apresenta forma oval e coloração esbranquiçada, com três pares de patas, um par de antenas e um par de olhos muito pequenos. Antes de ter completado 24 horas de vida, a ninfa do 1º instar fixa-se e inicia-se a formação do escudo protector através da emissão de filamentos de cera, os quais inicialmente apresentam coloração esbranquiçada e, após pouco tempo, adquirem a cor de caramelo. A ninfa do 2º instar apresenta um corpo com coloração branca brilhante e já é possível distinguir os dois sexos. Após terminar a segunda muda (3º instar), a qual se situa em posição anterior tal com a primeira, a ninfa assemelha-se bastante com a fêmea adulta, que apresenta um aspecto larviforme e corpo esbranquiçado.
A fêmea do 1º instar apresenta o escudo em forma de “S”, ligeiramente convexo, brilhante e de cor parda escuro com uma tonalidade mais clara nas bordas e mede 2,5 mm de comprimento e 1,0 mm de largura. O corpo da fêmea apresenta coloração esbranquiçada, com a parte anterior mais estreita e a posterior mais larga e com lóbulos abdominais laterais característicos. O escudo da fêmea do 2º instar apresenta-se semelhante ao anterior, a fêmea engorda como consequência da acumulação de ovos no interior do seu abdómen e a sua coloração torna-se mais opaca. Ao efectuar-se a postura, a fêmea do 3º instar situa-se na parte anterior do escudo, deixando mais de metade do mesmo, na sua parte mais larga, para depósito dos ovos. Ao finalizar-se a postura, o corpo da fêmea adquire uma coloração amarelada.
No 3º instar macho ou pré-pupa o escudo do futuro macho é mais estreito do que a da fêmea no 3º instar ninfal. Nesta fase, aparecem os olhos e o corpo adquire uma coloração violácea. O corpo do 4º instar ou pupa apresenta uma coloração arroxeada, são visíveis os olhos negros e os rudimentos das patas, asas e antenas. O macho adulto apresenta a mesma cor da ninfa, um par de antenas compridas, um par de asas brilhantes e membranosas e três pares de patas.
As fêmeas efectuam posturas escalonadas por um período de tempo que pode durar de um a dois meses. Depositam um reduzido número de ovos por dia, o que se traduz numa diferença de idades entre os primeiros e os últimos ovos. Esta característica gera um grande escalonamento nas eclosões e, consequentemente, grande heterogeneidade no nível etário das populações. A fecundidade das fêmeas varia de 50 a 80 ovos podendo atingir 170 ovos. Nesta situação 50 a 70 % das populações são encontradas nos frutos.
As condições climáticas mais favoráveis para o desenvolvimento desta espécie são temperaturas de 25 ºC e humidade relativa de 70 %. Nestas condições, o período de incubação tem a duração de 12 dias, podendo referir-se que as fêmeas atingem o estado adulto em cerca de 47 dias e os machos em 51 dias. A fecundação dá -se cerca de 10 dias após a formação dos estados adultos, tendo o macho uma duração de três dias e as fêmeas dois meses. Deste modo, a duração do ciclo de vida é de 54 e 107 dias, respectivamente para machos e fêmeas. Alguns autores referem como limite inferior de temperatura – zero de desenvolvimento 8,0 ºC, necessitando do somatório de 720ºC/dia para o início da primeira geração.
As ninfas de L. beckii encontram-se preferencialmente em folhas adultas e, quando existem frutinhos recém vingados, debaixo das sépalas dos frutinhos. A saída de ninfas da 1ª geração é bastante uniforme e ocorre entre Maio e princípio de Junho, podendo encontrar-se 80% de formas sensíveis na árvore. O máximo de saída de ninfas da 2ª geração ocorre entre final de Agosto e princípio de Setembro. As ninfas da 2ª geração são aquelas que colonizam o fruto procedentes das fêmeas que localizam debaixo das sépalas dos frutinhos em Julho. A 3ª geração pode ocorrer no Outono e é menor importante que as anteriores. O estado hibernante é constituído por fêmeas com ovos no seu interior.
A cochonilha vírgula pode atacar o tronco, ramos, folhas e frutos. Os sintomas que originam devem-se à sua actividade alimentar que é acompanhada pela injecção de saliva nos tecidos do hospedeiro. Nas folhas origina manchas cloróticas em redor dos locais de alimentação e abcisão prematura. Nos frutos origina igualmente manchas cloróticas de cor verde, mesmo após os frutos mudarem de cor, facto que aliado à presença de indivíduos de L. beckii constitui um factor de desvalorização comercial. É, igualmente, referido redução do tamanho dos frutos e enfraquecimento geral da árvore, particularmente quando as infestações são intensas.

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