Tripe-da-oliveira
Liothrips oleae
Descrição: Os adultos têm o corpo alongado, de cor negra brilhante, e medem cerca de 1,9 a 2,5 mm de comprimento nas fêmeas e entre 1,4 e 1,8 mm nos machos. A cabeça é um pouco mais comprida do que larga, distinguindo-se, na sua região anterior, dois olhos compostos relativamente grandes, entre os quais existem três ocelos dispostos em triângulo. As patas são longas e robustas, conferindo ao insecto grande mobilidade. As asas, mais curtas do que o corpo, são membranosas, estreitas e franjadas por pêlos muito finos e compridos. Quando em repouso permanecem dobradas sobre o abdómen, sendo dificilmente observáveis a olho nú.
Sintomatologia: As folhas e rebentos atacados pelo tripe-da-oliveira apresentam-se raquíticos e deformados, com manchas deprimidas de cor clara, que correspondem aos pontos de alimentação do insecto. Ataques intensos ao nível dos pecíolos provocam a queda das folhas, podendo traduzir-se na desfolha de alguns ramos. Os frutos apresentam-se raquíticos e com depressões características, mais ou menos profundas, que se acentuam com o desenvolvimento. No caso de ataques intensos, sobretudo se ocorrerem em frutos jovens, pode dar-se a sua queda.
Estragos e prejuízos: Os estragos provocados pelo tripe-da-oliveira resultam quer da remoção de seiva, quer da injecção de saliva que, provocando a morte das células, pode dar origem a necroses ou a deformações mais ou menos profundas dos órgãos atacados. Fortes ataques provocam o debilitamento das árvores, tornando-as mais susceptíveis a doenças e outras pragas, entre as quais o caruncho-da-oliveira. O ataque aos gomos tem como consequência a produção de ramos sinuosos, com entrenós curtos e crescimento lento. Nas flores jovens pode provocar o abortamento ou originar a produção de frutos deformados, enquanto nos frutos jovens, causa deformações, com o aspecto de concavidades mais ou menos profundas, que se vão tornando mais evidentes com o desenvolvimento dos frutos. Fortes ataques também podem provocar a queda destes.
Factores de nocividade: As condições climáticas condicionam fortemente o desenvolvimento populacional do tripe-da-oliveira e, consequentemente, a sua nocividade. Baixos valores de humidade relativa associados a altas temperaturas, durante o Verão, induzem a entrada do insecto em diapausa e influem na sua dispersão e mortalidade. Também são causa de mortalidade mais ou menos acentuada, as baixas temperaturas e precipitação registadas no período outono-invernal. O papel da fauna auxiliar que parece ser, em geral, modesto pode assumir importância nalgumas regiões. Entre esta fauna destaca-se, nos parasitóides, o himenóptero calcídideo Tetrastichus gentilei Del Guercio, que nalgumas regiões italianas origina taxas de parasitismo da ordem de 40%, no Verão, e 70% no Outono. Nos predadores, aqueles a que se atribui maior importância são os heterópteros Ectemnus reduvinus Hs. e Anthocoris nemoralis Fabr.
Medidas de protecção indirectas ou preventivas: São importantes na protecção contra o tripe-da-oliveira, todas as medidas que assegurem o bom desenvolvimento do olival, como podas e fertilizações adequadas. Também se deverá impedir a existência, nas árvores, de refúgios que aumentem a sua sobrevivência durante as épocas desfavoráveis, como gretas na casca, designadamente as causadas pela tuberculose, galerias de escolitídeos e escudos de cochonilha-negra. Cortando e destruindo os ramos muito afectados por estes agentes não só se combate o agente em causa como também se dificulta o desenvolvimento do tripe.
Avaliação da indispensabilidade de intervenção - estimativa do risco e nível económico de ataque: Para estimar o risco, em Portugal recomenda-se observar 10 ramos com folhas em cada uma de 20 árvores do olival, em Setembro/Outubro e no final do Inverno. O nível económico de ataque correspondente é de pelo menos 10% dos ramos contendo, em média, 10 insectos por folha.
Meios directos de protecção: Raramente se justifica a realização de tratamentos contra o tripe-da-oliveira. Em caso de necessidade poder-se-á utilizar o óleo de Verão, aplicado no fim do Inverno, quando as temperaturas diurnas atingirem 15ºC, para ter garantia de que as fêmeas hibernantes já abandonaram os seus abrigos. Pode contribuir para combater a praga a polvilhação com pós de rocha, argila ou algas.