Podridão-floral-dos-citros

Colletotrichum acutatum

Descrição: A podridão floral, conhecida popularmente como “estrelinha” ou queda prematura de frutos, é uma doença de ocorrência esporádica que provoca epidemias severas nos anos nos quais as chuvas são mais intensas durante a florada.
Causada pelo fungo Colletotrichum spp., afeta flores e causa queda precoce dos frutinhos jovens em todas as variedades comerciais de citros. As variedades com florescimento desuniforme, como a laranja Pera, são as mais vulneráveis ao ataque deste fungo.
Nas regiões com chuvas frequentes durante o florescimento, a redução de produção pode chegar a 95%. No estado de São Paulo, os maiores prejuízos provocados pela podridão floral foram registrados no final da década de 70, no início dos anos 90 e na safra 2009/10. A doença também está presente em diferentes países das Américas.

Sintomas: Os primeiros sintomas podem aparecer 48 horas após a infecção. Inicialmente formam-se lesões róseo-alaranjadas nas pétalas e lesões necróticas podem ocorrer no estigma e estilete. Os frutinhos recém-formados ficam amarelecidos e caem prematuramente. Após a queda dos frutos, os cálices permanecem retidos nos ramos por vários meses e são popularmente chamados de “estrelinhas”. Pode ocorrer esta formação mesmo em botões nos quais não foram visualizados sintomas nas flores. Além da queda dos frutos, as folhas localizadas próximas á área contaminada ficam distorcidas.

Ciclo: O fungo Colletotrichum pode sobreviver por meio de estruturas de resistência em folhas de citros ou de plantas daninhas no período entre as floradas. Quando inicia o florescimento, a água das chuvas transporta os extratos das flores para as folhas induzindo o fungo a produzir os esporos. As chuvas transportam os esporos produzidos nas folhas para as flores que dão início às infecções e formação dos sintomas.
As flores infectadas produzem novos esporos do fungo em grandes quantidades, favorecendo a ocorrência de novas infecções em outras flores, o que inicia epidemias severas no pomar.
Após as infecções do fungo nas flores, ocorre aumento na produção de hormônios como etileno e ácido indol-acético que induzem a queda dos frutinhos ainda verdes e pequenos.

Manejo: Além do controle químico, que é a principal estratégia no manejo da podridão floral, é possível estabelecer ações associadas à redução ou uniformização do período de florescimento, como uso de irrigação, adubação equilibrada, manutenção da sanidade do pomar e eliminação de plantas debilitadas.
Já a poda das estrelinhas não é uma estratégia eficiente de reduzir o inóculo da doença, uma vez que o fungo pode sobreviver em folhas, ramos e outros tecidos verdes da planta.

Prevenção:
- Irrigação: antecipar a quebra do estresse hídrico pode fazer com o florescimento ocorra antes do período chuvoso e seja mais uniforme.
- Adubação equilibrada: contribui para evitar florescimentos desuniformes ou surtos de florescimentos.
- Eliminação de plantas debilitadas e manutenção da sanidade do pomar: evita a ocorrência de surtos de florescimento antes da florada principal.

Controle: Recomenda-se fazer um planejamento prévio e definir qual será o período gasto para pulverizar todo o pomar. Este tempo não deve ser superior a sete dias, caso contrário, será difícil manter a doença em baixos níveis, se as condições climáticas forem favoráveis a sua disseminação.
Realizar o monitoramento rotineiro de todas as áreas é importante para saber em qual fase o florescimento se encontra e quais áreas já apresentam flores com sintomas. Sem este monitoramento se torna difícil realizar as pulverizações corretamente.
As aplicações devem começar quando os botões florais estiverem verdes “cabeça de fósforo”, ou no começo da exposição dos tecidos brancos e encerradas após a queda do pistilo “chumbinho”.
Recomenda-se aplicar os fungicidas em intervalos de 7-10 dias para períodos mais quentes e 10-14 dias para épocas mais frias, uma vez que em temperaturas baixas, o botão floral não se desenvolve rapidamente e não se justifica realizar pulverizações em intervalos muito curtos. O número de aplicações vai depender das condições climáticas e da uniformidade e duração do florescimento.
Deve-se pulverizar primeiro os talhões mais velhos, com florescimento desuniforme, de difícil acesso após as chuvas ou nos estágios de flor aberta ou pétalas em expansão.
Os produtos pertencentes aos grupos das estrobirulinas, ftalimidas e triazóis são os indicados no controle da podridão floral. Em condições mais favoráveis à ocorrência da estrelinha, em talhões mais velhos e adensados, com florescimentos desuniformes, o uso da mistura de alguns produtos desses grupos, como triazóis e estrobirulinas, tem apresentado melhores resultados.
Como as misturas são mais eficientes, o seu uso deve ser direcionado para as fases mais críticas do florescimento (expansão de pétalas e flores abertas). As misturas podem ser utilizadas até um dia após a ocorrência das chuvas.
A aplicação da mistura triazol + estrobirulina não precisa ser repetida se chover menos de 20 mm após a aplicação. Entretanto, se a chuva for mais intensa, é recomendado fazer reaplicação. Caso ocorram chuvas por dois ou mais dias consecutivos, com molhamento prolongando, deve-se fazer a reaplicação do produto antes do intervalo de sete dias, pois a quantidade de inóculo produzida será muito alta, aumentando as chances de infecções.
As aplicações de fungicidas podem ser realizadas com volumes de caldas mais baixos (500 a 1000 litros/ha), que representam em torno de 30 a 40 mL de calda/m3 por copa das plantas. Além do volume baixo, as aplicações podem ser feitas com velocidades maiores (até 7 km/h). Desta forma, é possível obter maior rendimento operacional durante o florescimento e pulverizar toda a fazenda em intervalos menores que sete dias, em anos muito chuvosos.
O sucesso do controle da doença depende da escolha correta dos produtos, doses e intervalos de aplicação. Vale ressaltar que todas as pulverizações devem ser feitas no tempo correto durante o florescimento, pois apenas uma aplicação realizada incorretamente pode comprometer o programa de controle. As pulverizações preventivas não devem ser feitas muito antes da ocorrência das chuvas, pois as pétalas podem expandir e se tornarem suscetíveis à infecção do fungo até o dia da chuva.
Não é indicado o uso de estrobirulina pura, pois o produto é utilizado também para controle da pinta preta.A recomendação é sempre utilizar os fungicidas com critério, não exagerar no número de aplicações (recomenda-se duas de cada grupo químico por safra) e fazer sempre a rotação dos produtos para evitar seleção de fungos resistentes.

Produtos fitofarmacêuticos