Pinta-preta-dos-citros

Phyllosticta citricarpa

Descrição: A pinta preta é uma doença causada pelo fungo Guignardia citricarpa (Phyllosticta citricarpa), que ataca folhas, ramos e, principalmente, frutos de todas as variedades de laranjas doces, limões e tangerinas, à exceção da lima ácida ‘Tahiti’, na qual não são observados os sintomas.
A doença é disseminada por meio de mudas, restos de material vegetal e chuvas com vento. Não provoca alterações no sabor, o que permite a comercialização dos frutos para a indústria de suco. Os frutos infectados, entretanto, ficam impróprios para o mercado in natura devido aos danos na aparência.

Sintomas: O surgimento dos sintomas pode demorar de um a sete meses, dependendo da variedade de citros e das condições ambientais. Quando os frutos são infectados na fase jovem, os sintomas podem demorar até sete meses para serem observados. Quando a infecção ocorre em frutos maiores e maduros, os sintomas podem ser vistos no primeiro mês após a contaminação. Quanto mais próximas do pedúnculo as lesões estiverem, mais os frutos ficam vulneráveis à queda.
Tipos de sintomas em frutos:
- Mancha preta ou dura: é o sintoma mais típico da pinta preta. Aparece durante o amadurecimento dos frutos. Formado por bordas salientes, centro de cor palha, com pontos escuros.
- Falsa melanose: lesão pequena e lisa com inúmeros pontos escuros ao seu redor, que ocorre em frutos verdes. É verificada em áreas onde a doença já está presente há algum tempo.
- Mancha rendilhada: lesão lisa e sem bordas definidas que atingem grande parte da superfície da casca. Em frutos verdes, a área com lesão fica amarelada.
- Mancha trincada: lesão superficial que aparece em pequeno número nos frutos verdes. Quando o fruto amadurece, ela fica trincada. Esse sintoma está sempre associado ao ácaro da falsa ferrugem (Phyllocoptruta oleivora). 
- Mancha sardenta: pequena lesão levemente deprimida e avermelhada que surgem em frutos maduros.
- Mancha virulenta: Esse tipo de sintoma origina-se do aumento do tamanho e da fusão dos outros tipos de lesões. Com o desenvolvimento, pode tomar grandes áreas da superfície do fruto. 
Tipos de sintomas em folhas: Os sintomas de pinta preta não são comuns em folhas de laranja doce, mas são facilmente encontrados em folhas de limão verdadeiro. Quando ocorrem, são evidentes nos dois lados da folha e semelhantes aos sintomas de mancha dura e falsa melanose.

Controle: É necessário pulverizar todos os talhões que apresentam plantas com sintomas, independente da intensidade da doença. Uma vez que a pinta preta instala-se, é praticamente impossível erradicá-la dos pomares. A incidência pode passar de 10% de plantas com frutos sintomáticos para mais de 80%, em apenas dois anos, se não houver controle.
As aplicações podem variar de duas a seis vezes por ano, com início após a queda das pétalas das flores e o fim nos meses de abril/maio quando se encerra o período chuvoso.
As pulverizações de produtos cúpricos (sulfato de cobre, hidróxido de cobre, oxicloreto de cobre e óxido cuproso) devem obedecer a intervalos de três a quatro semanas e as de produtos sistêmicos (estrobirulinas) de cinco a seis semanas. Nos casos de produção para o mercado de frutas frescas, o número de aplicações deve ser maior.
As duas primeiras aplicações são realizadas normalmente com fungicidas cúpricos, pois são eficientes também para o controle de verrugose e melanose. Nos anos em que o florescimento se encerra nos meses mais chuvosos (novembro e dezembro), recomenda-se utilizar estrobirulina a partir da segunda aplicação.
Os fungicidas carbendazim, tiofanato-metílico e mancozebe foram excluídos da Grade de Defensivos PIC em 2012 e não devem ser utilizados em pomares cuja produção é destinada a suco para exportação.
Os volumes de calda das pulverizações não devem ser muito baixos, recomenda-se em torno de 75 a 100 mL de calda/m3 de copa, uma vez que a pulverização deve atingir as partes internas das plantas para reduzir a quantidade do fungo em ramos, folhas e frutos. Os maiores volumes devem ser utilizados em pomares mais velhos, em variedades de maturação tardia e com histórico da doença. A velocidade de aplicação não deve ser superior a 4,5 km/h. Recomenda-se a colocação de papéis hidrosensíveis no interior da copa das plantas para verificar se a pulverização está atingindo os alvos internos da planta.
Todos os fungicidas devem ser utilizados com mistura com óleo mineral ou vegetal a 0,25%.

Atenção: No Estado de São Paulo já existe relato de resistência de Guignardia citricarpa aos benzimidazóis (carbendazim). Sendo assim, deve-se evitar o uso excessivo das estrobirulinas, a fim de evitar a seleção de populações resistente do fungo também a este grupo químico e manter sua eficiência por vários anos. 

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